quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Um sentimento de Inquietação

Gostava de falar do medo.
Passo a expor: quase todos levamos uma vida mais ou menos organizada; estamos envolvidos com atividades mas no entanto, existe uma certa morbidez no dia. Não a sentem?
Talvez porque nos sintamos uma sombra do que éramos, quando ainda não tínhamos adoecido. Mas, colegas e amigos, não será possível - deixo a questão no ar - senão voltarmos a ter as mesmas capacidades pelo menos recuperar em grande parte? Não existem exemplos de pessoas com doença mental que são parte integrante e activa na Sociedade?
E é aqui que entra o Medo...
A morbidez do "deixa lá" na nossa vida, não será essa inquietação? Medo de levantarmos outra vez a face- agora mais madura- e arriscar Querer, SER?
O medo de ter que todos os dias fazer face a face aos olhares vagos e tanta vez mal interpretados, que nos "esmagam" por dentro? Tenho a ideia Clara e Distinta (Descartes) de que essa morbidez deve-se ao tal sentimento.
Não digo para irmos ao mundo e dizer "dá lá o estalo que eu te dou a outra face". Não é isso, nunca diria isso, diria até que temos que arranjar estratégias de nos defender... Digo é que, nos dias em que sentimos mais força, mais confiança, nesses dias arriscar ir, por exemplo ao supermercado fazer as compras; ir até à beira mar ver o Pôr-do-Sol, etc. Mas fazer algo, algo que muitas vezes desejamos mas que acaba por ficar no "deixa lá".
É esse "deixa lá", que, desconstruindo até à base, chamo medo. Que me consome, todos os dias e faz-me andar de cabeça baixa.
Enfrentar o medo para ultrapassar a morbidez.

Este texto está escrito como um apelo, o qual me assenta também.

André Soares

Miguel Pereira comentou:

"É preciso ser corajoso para falar do medo. O medo inibe, o medo proíbe de fazer.
Se o medo é uma auto-defesa que nos afasta do perigo e nos previne de más situações, não deve ter um papel além disso. É preciso enfrentá-lo, mas sei bem, o medo queima por dentro, faz ardor perante a decisão entre o agir e não agir. A minha mensagem é que é possível vencer o medo sequencialmente, e cada pequena vitória é um estímulo acrescido. Das pequenas vitórias acumuladas se faz o sucesso. Não é fácil gerir algo que se hospeda incomodando carateristicamente em nós. É preciso racionalizar e arranjar estratégias adequadas a cada situação em que o medo se põe. A estratégia que adoptei foi ter uma cultura de pequenos sucessos, dosear e prever as ações para evitar falhas e consequências. Cada situação positiva que conseguimos é um ponto favorável, um consolidar da confiança. A confiança e a segurança estão em antagonismo em relação ao medo. Essa pode ser a frente de atuação estratégica para reagir. Ainda não venci o medo totalmente também, nem ninguém nunca conseguirá vencer todos os medos, mas ter a capacidade de pensar sobre eles já é um começo."

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