domingo, 16 de dezembro de 2012


"A pessoa com doença mental chegou a um ponto em que se vê sem saída. Tudo pelo que trabalhou desapareceu no Nada.
Existem graus de frustração conforme as competências adquiridas antes do adoecimento.
O facto de estar grudado na TV (ou absorto sempre noutra coisa qualquer; Algo) não é, de certeza, uma atitude passiva. Ela rumina, rumina...
Aí pode-se e tem-se que intervir. Ajudar.
Ela está obsessivamente a procurar um caminho (não será?)... A dita TV é um elemento que está ali para disfarçar o Nada, já não estimula à muito.
A intervenção será bem acolhida pela pessoa se for explicado que vem no sentido de reencontrar as suas capacidades cognitivas, que não está demente, que as suas capacidades cognitivas estão lá. E que existe uma IDENTIDADE à espera de ser (re)descoberta. 
Para isso a pessoa tem de encaminhar-se para a envolvência que a circunda. Que é daí que tem que partir (feliz ou infelizmente). Pôr-se no caminho da Recuperação Pessoal.
Fundamental é ser ajudada a aceitar que falhou, a perdoar-se e a olhar em volta e ver que não é a única.
O pote de ouro no fim do arco-íris é que existe uma Identidade só sua. 
As actividades veem no sentido de ajudar a estruturar um caminho que, com o tempo, será percorrido só por si, se tornará individual, que irá reencontrar as responsabilidades sociais que tanto quer." 

André Soares