sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A vontade de uma vida laboral

O desejo de nos inserirmos no mercado de trabalho é forte em todos nós. Sei que todos (mesmo ao contrário, por falta de compreensão, nos julguem e digam, é a Preguiça) temos esse desejo de ser parte útil na sociedade. Sei também que existem fraquezas, nomeadamente na consistência com que iniciamos e, depois a sempre existente falta de motivação.
Penso que todos estamos a querer a cereja no bolo quando ainda não temos os ovos ou a farinha para o mesmo.

O que quero dizer é que seria bom fazermos uma verdadeira avaliação acerca de onde estamos no, pessoal, processo de recuperação. 
Sem mistificar, termos uma explicação (que seja só para mera sugestão hipnótica ou... o quer que seja), uma racionalização sobre o motivo da nossa doença. Porque acredito que as coisas não acontecem por mero acaso, ou por mero ADN. 
Mas não é esse o ponto (não é agora meu desejo abordar questões do fôro científico). Como disse, poderá funcionar como mero placebo mas se for para nos colocar mais funcionais, vale a pena.
Tenhamos então coragem para escavar na nossa Consciência.

Porque o desejo de inserirmo-nos no mercado de trabalho, poderá passar antes por uma formação, por um voluntariado ou mesmo por um (muito importante) adquirir competências.
E, eu vejo assim, a nossa Autonomia nos diferentes contextos alarga-se; podendo então desejarmos ir cada vez mais longe. Como já foi escrito no blog... "Pequenas conquistas".
Amigos. Não sejamos ansiosos. Temos uma vida pela frente!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

"O que ainda podemos fazer." Tudo o resto...

Ter uma doença crónica mental tem a ver com algo que já não podemos fazer, ou pelo menos que não conseguimos fazer tão bem. Tudo isto pode trazer mais uma forma de sofrimento associada, lidar com a incapacidade e confrontá-la no dia-a-dia pode desgastar e afetar a auto-estima e criar uma espécie de relativização negativa face às outras pessoas.
Ver os aspetos positivos e não se deixar que o “sufoco negativista” se apodere é um desafio constante. Para alguém que vê a sua vida como um pintar de um quadro recursivamente escuro e letárgico, este é um estado que se induz muitas vezes independente do quadro específico da doença. O lidar com a condição que a vida impõe a longo prazo, pode trazer um mau sentimento associado, mas que pode ser combatido. É este o cerne da questão! Para isso devem ser mantidas as boas práticas mínimas, mas é preciso ver que as mesmas não podem ser realizadas totalmente, quando o meio segrega... Alguém ilustre uma vez disse: devemo-nos questionar sobre quem nos rodeia, quando estamos deprimidos, pois o problema pode não estar só em nós.
Inverter a perspetiva de análise, focar em tudo o resto que ainda se pode fazer, muitas vezes sem grandes custos, pode ser uma técnica que traga nova luz e uma abordagem construtiva. A questão está também de tanto precisarmos de proteger o nosso “espaço vital e pessoal” como também necessitarmos de “proximidade” ou mesmo de maior intimidade. A “segregação” existe sem dúvida, mas está também na pessoa cultivar a aproximação e o dar boas razões e motivos para que esta se dê, mantendo-se índices de socialização moderados pelo bom senso.