quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Estigma na Adoção...

Se o dia estava meteorologicamente cinzento, e cinzento só por si, foi com desagrado que chegou ao meu lar e de muitos portugueses a triste notícia de que uma criança em processo de adoção fora "devolvida" às respetivas entidades pelos supostos pais adotivos. É dito que a Segurança Social ocultou o estado de saúde da criança do sexo feminino de doze anos.
Isto é no mínimo polémico e levanta questões éticas.
Deve esta criança ser rotulada e catalogada antes de ser adotada? Adotar não é ir ao supermercado adquirir nenhum produto! Mais do que isso, não há seres humanos defeituosos. Por mais saudável que um indivíduo pareça, este não vem com nenhum certificado de garantia. Se por um lado a situação deve ser esclarecida perante os pais adotivos, defendo pessoalmente que devem haver princípios igualitários no acesso à adoção das crianças. É um princípio de justiça e igualdade nas situações mais difíceis e delicadas, envolvendo o mundo das crianças. Será bom desde logo haverem crianças escolhidas e crianças marginalizadas? Se adotar é uma boa ação, esta é posta em causa, quando as pessoas tiram partido destas ações, tendo atos discriminatórios. Não é este o intuito de caráter Humano, solidário que se preve por parte dos futuros pais adotivos. Que valores irão transmitir estas pesssoas às crianças adotadas? Irão eles incutir o estigma nas crianças?
Esta criança se padece de esquizofrenia ou necessita de acompanhamento psiquiátrico, devia tê-lo. As suas oportunidades deviam ser iguais e justas na adoção, assim como na sua vida futura.
É com estas atitudes, que o estigma sobre a doença mental prevalece. A Humanidade e a sociedade tanto nos dá um leque de oportunidades vasto para sermos felizes e realizados, como nos tira toda a dignidade de uma vez só. Vamos deixar que se lancem os dados, ou vamos construir uma sociedade mais justa?
Os atos discriminatórios contra pessoas com doença mental, em especial os que não apresentam condições para se defenderem, devem ser denunciados, punidos e impedidos adequadamente.
A lei da adoção talvez mereça uma revisão, adotar não é procurar seres humanos perfeitos que nos dêem garantias!
Reflitam e pensem que este artigo foi escrito por um esquizofrénico.

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